Ainda há luz no final do túnel
É fácil falar das mazelas, das vicissitudes, dos entraves, dos percalços, enfim, da miséria humana, quando essa pulula em toda a parte, nos embebe, nos rodeia. É fácil falar dessa degradação moral. É fácil falar dessas inversões de valores. Ah, isso é sobejamente fácil, pois diariamente sofremos as vergastadas dessas impudicidades, dessas depauperações do espírito. Mas deixar às escâncaras essa miséria em nada de profícuo suscitará ao espírito, somente dor e desespero de se ver enchafurdado também nesse lodaçal. Então vem o poeta e nos mostra que há luz no final do túnel, nos faz vislumbrar essa luz da angelitude a muito olvidada, a qual dormita em nosso imo, em nossa essência. Ele nos transporta ao mundo onírico da esperança e nos faz antegozar o excelso, o sublime em nós mesmos, regozijando-nos, deleitando-nos, enlevando-nos, soerguendo-nos. O poeta vem e nos apresenta o espírito no momento em que estamos saturados da matéria.