Pescador anônimo
Antes … fui pescador anônimo
Saciando o ego , e só
Com uma rede de malha fraca
Sem pesca e sem sede nos gestos
Criança largada no mundo
Criado com outros largados
Com lindos rubis cor de sangue
Mas triste , contido
Parar pra respirar num cantinho da sala
Me tornava capaz de sonhar
Com os olhos abertos , disfarçando a angústia
Coberto de razão , transtornado de medo
Crescendo e me comunicando
Fingindo uma igualdade que não está
O cômodo de se deixar ir
É não se esforçar para tanto
Sabe o que é bom ?
Ficar na janela vendo o anoitecer sobre as árvores
E as estrelas aparecendo , um a uma
Os enganos não ousam me enlouquecer
Quando todos dormem …
Deus pode nos ouvir mais atentamente
Então pedi mais lágrimas , e entreguei as que já tinha
Sem conformidades ainda , pobre pescador calado …
Esse é o mito do desastre emocional
Rastejo todos os dias pela poeira subindo mais à frente
E se os olhos doem , prefiro não ver nada …
Olhos fechados , mãos trêmulas …
Dissipando incerteza .
Daniel Sena Pires – Pescador Anônimo (01/09/2010)