Conquista, Preguiça e Ideal

"There is always some madness in love. But there is also always some reason in madness" - Friedrich Nietzsche

Há algo que transcenda o carnal? Há, já passei por tal experiência. O carnal surgiu e conforme o tempo foi passando, fui sendo conquistado pelo que a pessoa foi incutindo em mim com calma, com carinho, sem pretensão alguma. A coisa simplesmente aconteceu. Comecei a sentir algo que me senti à vontade para nomear como 'amor'. Não houve idealização, não houveram planos. Os imprevistos surgiam e eram superados, as ignomínias surgiam e eram debeladas, os alcoviteiros de plantão surgiam quando a máscara da falsa amizade por fim caia e eram afastados do alcance daquilo que estava sendo construido à dois. Amei com intensidade. Sentia-me confortável para falar sobre todo tipo de assunto, desde trivialidades até aquelas coisinhas fofinhas típicas das pessoas mutuamente apaixonadas. Acabou. Acabou de repente, de forma inesperada e até traumatizante, posso assegurar. Não por minha parte. Gerou sofrimento, mágoa, tristeza, nojo, ódio e por fim, indiferença - o que pode ser pior do que todos os outros adjetivos juntos, somados. Vieram outras pessoas, que, sem pretensão alguma, me ofereceram carinho, ombro amigo, paciência, transas vorazes, tudo o que poderia gerar um novo amor. Vieram muitas pessoas me oferecendo tudo isso e não virou amor. Por quê? Será que idealizei? Será que durante o tempo que passei sozinho fiquei moldando um alguém IDEAL e as pessoas que surgiram na forma REAL acabaram, com o tempo, tornando-se inferiores à este holograma quimérico e, com isso, a relação acabava ficando desgastante pra mim? Não sou um erotômano, apesar de parecer um na maior parte do tempo. Sexo é crucial, as curvas atraem meus olhares e não posso ir contra isto. Sou assumidamente romântico e, por isso, patético, pois não consigo ser objetivo com esse meu romantismo que é totalmente subjetivo. E por que, então, essas pessoas que foram de certa forma devastadas com as minhas inconstâncias não suscitaram em mim o amor que faria um bem para todos? Apesar de não parecer, também, eu não entro em relacionamentos pensando no fim no ou na preguiça que poderá surgir. Não, entro querendo extrair o melhor que a outra pessoa pode oferecer. Eu quero a paz, quero ter liberdade pra dividir intimidades tanto físicas como espirituais. Acham que eu acho bonito ficar pulando de corpo em corpo? É um prazer, claro, é a VONTADE e, como toda VONTADE, após ser consumida, gera tédio e o tédio pede novas VONTADES. O que eu denomino como 'amor' me isenta desse ciclo de busca incessante entre Vontade-Tédio. Falei aqui sobre o Amor que surgiu com a convivência e sobre a convivência que não gerou Amor. E agora, a minha mais recente descoberta nesse campo foi o Amor Platônico. Não houve carinho, nem calma e nem convivência; apenas três encontros com toques mais íntimos (beijos e abraços) e um outro onde houve somente a minha cabeça turbilhonando, efervescendo, amalgamando uma pessoa de carne e osso na minha frente com o Ideal que estava resguardado no meu subconsciente. Como explicar isso? De todas as coisas, essa foi a mais estranha e, no entanto, a que eu considero como a mais pura. Como pude mergulhar em fantasias, em sonhos - dormindo ou acordado -, em utopias, enfim, em tudo o que compreende a loucura de tal sentimento, por uma pessoa que eu sequer passei a mão na bunda? Como um algo inatingível, um Ideal plastificado, um fantasma da memória pôde me fazer afastar tanta gente de perto de mim? Pessoas deslumbrantes apareceram, sim, realmente belas, por dentro e por fora e eu simplesmente coloquei tudo a perder por julgar ter esquecido tal sentimento e de repente ele ressurgir das trevas, forte e flamejante, ardente como uma fênix. Por vezes, me julguei um obsessivo, obcecado, um semi-louco, fixado em alguém que não é nada do que eu, no auge do meu delírio, descrevi tantas e tantas vezes, colocando-a num pedestal grego e idolatrando-a como uma Deusa. No fim, o fim é o fim e o fim é a única certeza e o fim é sempre igual pois acaba no fim. Amor não é eterno, é um pra cada época da vida e esse meu último desafeto amoroso foi extinguido assim como todos os outros e eu sou um cretino, mesmo, por que eu ando sentindo falta da inspiração que ele me causava hahaha

Em suma, o peito está aberto esperando o próximo, pois sentir essas coisas é bom demais!

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2650603
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