IRRITAR-SE... SERÁ QUE VALE A PENA?
IRRITAR-SE... será que vale a pena?
Marcial Salaverry
Constantemente nossa paciência é posta à prova... Sempre encontramos pela frente, situações que tendem a provocar nossa irritação.
Pequenos exemplos podem ser citados, como o tubo de pasta de dentes que ejeta mais pasta do que queremos, o rolo de papel higiênico vazio numa hora crítica, o cachorro do vizinho que passou a noite latindo, os gatos que resolveram fazer uma serenata amorosa, o leite que derrama no fogão, o conjugue que roncou demasiadamente e não nos deixou dormir, aquele vizinho que resolveu chegar bêbado em casa e brigou com a esposa. Cada um desses motivos pode ser suficiente para nos estragar o dia, se não soubermos controlar adequadamente os nervos.
Será que valerá a pena irritar-se com coisas assim? E com o trânsito engarrafado, ou com aquele guarda que resolveu ficar de plantão justamente no único dia que, por estarmos atrasados, resolvemos passar um farol vermelho... e com tantas outras pequenas grandes coisas que podem estragar nosso dia. Cada um terá algo para acrescentar à interminável lista de coisas que existem apenas para nos chatear...
Vou entrar de carona numa mensagem do "Momento da Reflexão", que me foi enviada pela amiga Marici Bross. Por ser um texto longo, não o vou transcrever. Vamos a um resumo resumido. Por favor, não se irritem com isso...
A mensagem conta a história de um homem que tinha a fama de jamais se irritar. Um dia, alguns amigos (amigos?), resolveram testá-lo, e combinaram com a garçonete que sempre o servia no local onde faziam suas refeições, de não servir-lhe a sopa que ele sempre tomava e, quando ele reclamasse, dizer que já o havia servido. Pensaram que isso seria o suficiente para vê-lo, finalmente perder a calma, fazendo a moça ver que não fôra servido. A garçonete cumpriu o combinado e, quando ele a fez ver que não fôra servido, ela argumentou que sim, que já o havia servido.
Os amigos ficaram atentos à sua reação, certos de que ele reclamaria a falta de atenção, mas nosso herói simplesmente olhou para o prato vazio, dizendo: É fato, você já me serviu, mas eu gostei tanto, que quero mais um pouco..."
Os outros, frustrados, tiveram diante de si uma excelente demonstração de como sair-se airosamente de situações difíceis, sem se irritar e sem discutir com ninguém.
Situações análogas, encontramos quase sempre, levantando a velha máxima de que muitas vezes é mais interessante "engolirmos um sapo", do que perdermos horas discutindo apenas para provar que estamos certos. Concordo que por vezes enfrentamos situações que nos fazem chegar em nosso limite. Na última hora, quando formos "chutar o pau da barraca", ainda cabe um último pensamento, indagando-nos se não iremos machucar o pé quando chutarmos o dito cujo pau. E se não será mais conveniente digerir o sapinho, ao invés de entrar em uma possível e inútil polêmica...
Muitas vezes, somos provocados gratuitamente, por pessoas que adoram criar polêmicas. Nesses casos, penso que a melhor resposta sempre poderá ser o silêncio, que poderá fazer o outro lado pensar um pouco e ver que não vale a pena insistir, pois será perda de tempo, já que não compraremos essa briga. Muitas vezes, situações que poderiam tornar-se críticas, evitam-se dessa maneira.
Sempre caímos no velho chavão de que precisamos uma dose extra de ponderação, bom senso, paciência, e, principalmente, bom controle dos nervos. Já vi algumas boas amizades nascerem por uma discussão ter sido evitada dessa maneira, bem como já soube de grandes amizades que terminaram porque nenhum dos dois soube controlar-se.
Muitos crimes acontecem, porque não houve a ponderação necessária, por exemplo, em um pequeno acidente de trânsito. Os motoristas começaram uma discussão sobre quem teria ou não razão. Depois descobriu-se que ambos estavam errados... E o final foi triste.
Valeu a pena a irritação?