Dogmas

Enfim o santo padre, o Papa, aceita o uso da camisinha. Pra sociedade hipócrita(e minimamente consciente), não muda nada. Francamente, nenhum católico que eu já conheci preferiu pegar uma doença venérea a desobedecer os dogmas obsoletos da Igreja Católica.

Aliás, a intransigência das religiões esses dias me perturba mais do que nunca. No Irã uma mulher é condenada a morte, por apedrejamento, por adultério. Faz parte da cultura iraniana, dos princípios, das leis locais. Eu juro que me interesso muitíssimo pelas diferentes culturas e penso que devem ser mantidas, na medida do possível. Mas vivemos no século 21 e a vida é um dom precioso demais para ser ceifado por uma legislação tão retrógrada. Não sou nenhuma feminista, defensora dos direitos humanos ou coisa que o valha. Mas pára um pouco pra refletir sobre a possível vida dessa mulher. Com um marido polígamo que, obviamente, não da atenção suficiente pra todas as suas esposas. Pensa na solidão, no tédio, na falta de liberdade, amor, carinho, amizade... pensa numa vida sem qualquer relação social, sem alegria, sem cor, sem vida.

Pensa agora que essa mulher, folha morta atrás de uma burca, se apaixona loucamente por um homem. Não teria ela o direito de ser feliz com ele, de viver, amar, ser amada, sonhar? Não. Ela não tem. Não tem escolha. Esta fadada a ficar só ate o fim dos seus dias, infeliz, sobrevivendo.

De modo algum estou tentando justificar o adultério. Mas eu, particularmente, preferia morrer apedrejada, que perder minha vida aos poucos, definhando com saúde em um harém imundo.

Tambem não estou tentando matar Sakineh, sob o argumento de que ela prefere morrer que voltar a sua antiga vida. São apenas conjecturas, provavelmente falsas, limitadas, de uma menina ocidental que jamais vai ter conhecimento suficiente pra criticar uma lei.