De que é feito o sol?
Suspenso no firmamento, dando cor rebelde ao céu tão claro, escondendo-se entre as nuvens brancas, pálidas, refletindo-se na água feito Narciso, mas sem a cegueira da vaidade, para que então não caia sobre nós, escapando ao fim da tarde no horizonte de algum lugar, surgindo pela manhã acomodando-se no tapete azul, eis o Sol.
E não é química, astrofísica, ou qualquer ciência que apresenta-nos o melhor argumento do que aquela estrutura amarela, brilhante e tão presente logo acima de nós poderia ser. Tão somente, devaneios de uma mente cujo coração é sensível para perceber saberiam esclarecer o que o Sol seria.
Eis o que o meu coração diria, aquela esfera tão perfeitamente desenhada e posta sobre todos nós, equilibrada no universo, e rodeada de desequilíbrios cósmicos, é feita daquilo que brilha em nós, o sorriso, como se cada sorriso na Terra fosse ladrilho que cobre a superfície de lá, e formassem aquela luz, aquele brilho, que chegam até nós e enfim, iluminam-nos, aquecem-nos feito o gargalhar tão radiante e sincero de um ser feliz...
E as chuvas o que são, se não, as próprias lágrimas impedidas de ir àquele lugar, e prendem-se aqui na nossa atmosfera triste, acumulando-se, até que se voltam para nós, dando-nos a sensação por mais que estejamos secos olhos a fora, que choramos coração a dentro... E precisamos, por sobrevivência, tentar escancarar alguns sorrisos, para outra vez, ladrilharmos o sol, trazermo-nos a luz, aquecermo-nos por dentro.
Então, nessas especulações utópicas que me ocorrem, pergunto-me se o Sol é deveras só, se não é feito de nós, desses nossos sorrisos...