Bastardos Inglórios

"Começa com um começo"... -assim ela me disse, sobre a minha falta de inspiração. Olhei para o cartaz bem à minha frente, grudado na parede, anunciando um filme que vi e não gostei. "Bastardos Inglórios", com o Brad Pitt. Se não gostei, desisti. Inspiração não costuma vir de coisas que não gostamos. Procurei amparo nas três figuras acima, ainda na mesma parede. Fiquei excitado, como sempre acontece quando as vejo, aqui, no meu escritório. Um Nakajima A6M2, um Focke-Wulf 109 D9 e um Spitfire MK Vb, pérolas da aviação da segunda guerra mundial. Excitado sim, mas não para o que eu queria, filosofar, apenas filosofar. Voltei àquilo que não gostei, o poster do filme, pois se o pus ali, na parede, não gostando, isso devia ter um significado. Pensei sobre o que disse acima, quanto ao que não gostamos não dever nos inspirar. Que mentira a minha. Afinal, Brad Pitt, excelente ator (vejam “O Curioso Caso de Benjamin Button”), não combina com filme ruim, do mesmo modo que um ator ruim não combina com um filme bom. O contraste, deve ser isso, o contraste. Ele sempre me chama a atenção. Sempre que uma coisa não encaixa na outra, lá vou eu encucar a respeito, martelando aquilo na minha cabeça. Talvez filosofia seja isso, martelar coisas na nossa cabeça, até entender o por quê delas e seus contrastes. É uma pena ver tanta gente não dar bola para eles, os contrastes, com toda a sua dialética do sim e do não, do certo e do errado, do mais e do menos ou do tudo e o nada. Olhei de novo o cartaz do filme ruim com um ator bom. Eu o limpei com carinho e o fixei melhor na parede, pois é pura filosofia.

Dassault Breguet
Enviado por Dassault Breguet em 21/11/2010
Reeditado em 21/11/2010
Código do texto: T2628469