Trabalho e Dignidade: realidade quixotesca?
Fazer parte da sociedade hodierna implica situações e necessidades impostas por padrões de vida específicos, ditados pela desigualdade social. Notam-se os relacionamentos variados que envolvem nossa existência. De forma desagradável as pessoas deixaram a capacidade de relacionarem-se com sentimentos sinceros, companheirismo, afeto, felicidade, amor, partilha. Passaram a se relacionar em busca de interesses, deixaram de ser pessoais e passaram a ser profissionais, fazendo com que a dignidade seja possível apenas se existir relacionamento profissional.
Havemos de reconhecer, antes de tudo, que o trabalho traz satisfação pessoal e realização, sentimento de vitória, certeza de reconhecimento pela realização da atividade profissional. O trabalho é, dessa forma, motivação para a dignidade humana.
As relações humanas, porém, acabam por enxovalhar essa dignidade quando as situações de falta de trabalho assolam. A dignidade parece ruir e se desmorona por terra. A pessoa sem trabalho parece não ter mais sentido para a sociedade, não mais é digna de reconhecimento, companheirismo. Quando necessitamos da manifestação dos sentimentos daqueles que amamos, dos companheiros de trabalho, dos que acreditaram no nosso trabalho, recebemos, muitas vezes, o desprezo e o afastamento. E a dignidade humana está como que num charco, entre lama e lodo.
Há dignidade humana no trabalho ou precisamos humanizar o trabalho para que ele seja, de fato, digno?