Não diga que não me importei!
Não diga que não me importei! O ruído dos meus passos, a sombra na parede, as cinzas do cigarro, o cheiro da embriaguez, tudo ainda está lá. Deixei a luz acesa e uma caneta ao lado do colchão. Sim, eu me lembro! Lembro que você falou coisas sobre a fila do cinema, ou sobre o novo sucesso de não sei quem, sei lá. Tocava uma música... Isso mesmo! Tocava uma música que me entediava. Você adormeceu e eu saí antes do sol nascer, nem quis te acordar. Peguei minha mochila e saí. Mas eu deixei um bilhete: - “A peça acabou. Já lavei meu rosto e deixei o personagem de lado. Mas pode ficar sentada porque uma nova peça logo começará. Quanto a mim, encenarei em outros palcos.” Então, não diga que não me importei...