JESUS E SEUS DISCÍPULOS ESTÃO ULTRAPASSADOS?

Imagine a seguinte cena: Jesus, durante a multiplicação dos pães ou dos peixes, vendendo para quem pudesse pagar, ou dando notas promissórias para os que não tinham condições, mas que futuramente as quitariam, pois o Mestre percebia que naquela multidão havia também alguns espertalhões que tinham condições de pagar, mas que gastavam seus denários nas tabernas ou prostíbulos.

Chico na sombra do velho abacateiro, fazendo o evangelho e depois, distribuindo sopa aos pobres e Dona Maria Modesto Cravo cobrando míseros 0,50 centavos de quem podia pagar. Natal do Chico, distribuindo alimentos e brinquedos, e fiscalizando quem podia pagar e seus colaboradores distribuindo carnês com várias e suaves prestações, para que fosse justo para aqueles que realmente não tivessem recursos.

Ou então, o médico dos pobres, Doutor Bezerra de Menezes, atendendo sua paupérrima clientela mediante um interrogatório e pedindo dependendo do caso, atestado de pobreza para que não pagasse consulta. E por aí afora, muitos e muitos outros absurdos para que possamos refletir o quanto é impossível associarmos a caridade real, ensinada por Jesus, aos moldes atuais capitalistas. É bem verdade que devemos dar o peixe e ensinar a pescar, mas se querem aprender agora ou mais tarde, não depende de nós.

A caridade nada cobra, não pergunta, não faz exigências, não faz diferença com ninguém, sem falarmos do famoso ditado “ Daí de graça o que de graça recebestes”, não podemos deixar o velho materialismo disfarçado se apoderar de nossa razão, se não daqui a algum tempo, estaremos achando que pena de morte é pouco para um assassino, esquecendo que até um irmão equivocado e ignorante da Lei do Amor, merece nossa prece e compaixão, mesmo que fira nossos princípios ou até mesmo cometa algum crime contra nossa própria família ou a nós mesmos.

Dentro de uma instituição de caridade, que segue os ensinamentos de Jesus, jamais se poderá cobrar ou cogitar a colaboração financeira dos necessitados. Eles podem contribuir sim, mas com serviços, doando-se espontaneamente nos serviços destinados a manutenção do próprio trabalho que os beneficia.

A palavra amiga, junto com o Evangelho de Jesus, irá resolver a seu tempo o problema de todos, inclusive daqueles irmãos que acham que estão levando vantagens, pois sabemos que ninguém engana ninguém.

Além disso, se alguns colaborassem financeiramente, isto iria se tornar um fator de humilhação para alguns, e outros se sentiriam realmente excluídos, e isto, só o fato de humilhar um pequenino qualquer, mesmo que seja sem ser planejado, alegando que a intenção não era essa, que foi o orgulho do irmão que aflorou e não a nossa incompreensão, nada tira a culpa ao efeito causado, e humilhar o próximo, efetivamente não é caridade.

As instituições, ONGs, ou Cooperativas, sim que tem o direito e obrigação de educar o cidadão no campo do trabalho, indiferente de qualquer preconceito racial, social ou religioso. ”Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.Caridade não combina com troca, caridade moral, a mais difícil e a que nós temos que aprender a fazer.

Delmo Soares
Enviado por Delmo Soares em 13/11/2010
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