Reticências

Já parou para perceber? Mas perceber o quê? Os “nãos” que ainda não afirmou? Ou os “sims” que negou?

Todo esse contraste. Ah, como queria eu não pensar. Não avaliar cada respiração com talvez tanta melancolia que fique até difícil de respirar.

Às vezes. Mania de usar palavras que soam bem. Às vezes. Estranho. Normal. Estranho. Normal. Ô ambiguidade violenta!

Ah, queria eu não pensar. Aí não estaria aqui tentando. Mas também não saberia o que é tentar. Certo?

Olha, vou te contar um segredo: o segredo não é nada, sabe porquê? Porque ele é tudo. É o mais íntimo chegando ao seu máximo. Por isso.

Tenho medo de segredos. Tenho medo de vocês. Na verdade tenho medo do mundo. Também tenho medo de ser. Tenho tantos medos... Ah, como queria eu não pensar.

É tão violento. Mas é tão necessário. Como sentimentos. Você não quer, mas não pode controlá-los. Acha que sim, mas sabe no fundo a realidade.

Gosta do sujo, do obscuro. Sua total oposição. Mas gosta, ah se gosta!

Vai puxando cada vez mais.

Chegou ao limite?

Ah... como queria eu não pensar...

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 11/11/2010
Reeditado em 21/05/2013
Código do texto: T2609469
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