Domingo, dia de saudade
A dor da saudade... é uma das dores que mais dói, e a dor que mais dói em meu peito é estar longe da família e daqueles a quem amo.
Saudade, um sentimento que aflora em mim tantas vezes, uma das dores mais intensas esta dor da saudade. Saudade dos amigos, dos parentes mais próximos, da terra natal...
Saudade da minha infância. Saudade da família, dor indescritível e inigualável. Principalmente quando a saudade é causada pela distância. Essa me acompanha e parece não ter fim. E os dias de domingo, são, inevitavelmente, os piores.
Distância: o espaço entre duas pessoas ou coisas; obviamente que distância é muito mais que definições de qualquer que seja o dicionário.
A saudade e a distância não foram feitas para ler. Foram feitas para sentir. Mas mesmo assim, sendo sentidas, ficam sem uma definição concreta. Depois que a distância aportou sobre minha vida, comecei a valorizar muito mais a amizade, as coisas deixadas pra trás e sobretudo a minha família. A distância no fundo, retrata-se em saudade.
E como definir a saudade? Voltando aos dicionários, a palavra vem do latim “solitas, soltatis (solidão), na forma arcaica de “soedade, soidade e suidade” e sob influência de “saúde” e “saudar”. Para mim, segue no mesmo caminho da distância.
A saudade foi feita pra sentir. E como se sente profundamente a dor que mais dói!
Não importa a quem se ama: esposa ou marido, mãe ou pai, filho ou filha, amigo ou amiga, cachorro ou gato.
Saudade da pele, do cheiro, do abraço, dos afagos, dos beijos. Saudades da presença.
Saudade também nos mata por não sabermos. Não sabermos se nossa mãe está indo ao médico, não sabermos se nosso pai continua dirigindo bem após a cirurgia àquela catarata, não saber se seus filhos estão indo bem na escola, ou se alimentando corretamente... não sabermos daquele amigo ou amiga que não vemos faz tanto tempo!
Saudade é não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como vencer o sofrimento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, de uma foto, de uma carta...
É não saber o que fazer ao coração quando a dor o faz apertar dentro do peito.
Esta é a minha definição. É esta que me dita o coração.
“A casa da saudade chama-se memória: uma cabana pequenina a um canto no coração”. (Henrique M. Coelho Neto)
Ana Flor do Lácio (07/11/2010)