Um dia...

Quando, neste vasto mundo, nos convenceremos de que não somos nada?

Quando, nesta vida tão frágil, aceitaremos as limitações de nossa condição degradável?

Quando, em um momento marcadamente histórico, reacenderemos a chama simplesmente animal e inocente que trazemos ao mundo ao nascer?

Quando, nesta correria sem fim da vida moderna, pararemos para olhar para os nossos pés fatigados?

Quando, surpreendidos pelo passar do tempo, começaremos a viver?

Quando, em um acesso de verdadeira liberdade, deixaremos nossas lágrimas rolarem pela face, banhando cada centímetro de ruga tão inconscientemente conquistado?

Quando, em simples e vagarosos gestos, fecharemos os olhos e deixaremos nossos dedos reconhecerem as marcas do tempo em nosso frágil corpo?

Quando, em um silêncio agressivo, nos calaremos e teremos a certeza de termos dito tudo o que havia para se dizer?

Quando, em nossa inexplicavel e insondável mente, desenvolveremos nossa humanidade?

Quando?