Vigiando até seus sapatos
Outros tempos também
Que nosso blues
Não podia tocar.
Nossos olhares
E olheiras.
Qualquer um de nós
Qualquer parte basta.
Mas nem de poesia é feito um chão
Caminhos errantes lhe trazem pra cá.
Mesmo aqui não sendo
Não tendendo.
Trocou o ritmo
E acelerou.
A quase duzentos
Por metro.
Por passos de calcular uma viagem
Histórias que contam em casa.
Nada mais nos foi servido
Um gosto de não ter o que pensar.
Lavaram os pratos do almoço
Limparam à mente, socorro.
Não tiraram de mim os pés
Grandes caminhadas.
E por terras, por idéias,
Pelas florestas.
Quem de nós
Qual é a parte necessária
Vigiando até seus sapatos
Quer andar de novo na cidade calo?
Hoje eu tenho dois olhos
Que um pouco mal cuidados
Pelas noites dormidas de dia
Adquiriam para si
As olheiras da rotina.
Vejo as cordas que puxam os loucos do abismo
Será este o caminho
De se provar que não há desvio...
Não escuto rádios comerciais
Eu e meu blues, saudades do que não vivi.