Devolva minhas palavras!
Quando escrevo voo. Esqueço de tudo, futuro, família, amores, desamores. Tanto escrevo quanto respiro, uma necessidade.
O preto no contraste do branco do papel, traz consigo uma lembrança embaçada, incompreendida do que fui.
Cada letra, cada palavra faz parte de mim, do que sou, do que não sou. Minhas palavras aparecem de forma desordenadas. Todavia, essa desordenação cria um eu postiço dentro do eu que sou.
Mas você é o instrumento mutilador das minhas palavras, das minhas letras, dos meus sentimentos que permanecem mudos. Se me calo, sofro, choro, desabo.
Sobre você, apenas o vazio e a sensação de que me falta...Me falta ar, me falta vida, me falta tudo, pois me falta você. Mas, ainda assim, poderia sobreviver se tivesse minhas palavras de volta, meu domínio sobre o mundo.
Peço-te: entrega-me as chaves da cela cuja minhas palavras estão presas, deixa-me libertá-las, deixa-me dar-lhes vida, deixa-me suprir tua falta com tinta, caneta e papel.