Mesmo que eu ande por mil anos sem nunca olhar trás
Haverei de levar em mim a desconfiança deste dia,
Porque anunciado desde antes, consuma-se o fato
E mesmo que eu compreenda, pois que há que cumprir a Magna
Dentro do meu peito, haverá desconserto e desagrado,
Não sentirei que a paz reina, nem que continua livre o pensado
A comunhão que nunca houve mais distante se faz
E cada qual que cuide de sua própria cauda para não perdê-la
No meio dos arrastos ou nas operações de vendilhões aclamados
No mais, assistir porque o circo armando e bem iluminado
Franqueou-se para todos e no picadeiro os palhaços já estão apostos,
Mas cuidado, que não são somente narizes vermelhos
Cuidado porque porretes estão entre os travesseiros
Cuidado, cuidado quem cantar mais alto ou pobre de quem desafinar
De qualquer modo quase não se ouvirá a contradita abafada
Pela cachoeira de pimentas e de bebidas.
Ah! Quem goste e aplauda de pé, seus corações e mentes estão festivos
Engrandecem diante do pleito bravamente conquistado
E desses eu tenho ainda mais receio,
Pois, guardam em seus seios a sede insaciada de antes,
E se são professores ou engenheiros ainda mais extasiados.
Hum...com estes mais e mais cuidado.
E se acaso são simples que pensam seja o futuro sorridente
Pois que já estão acostumados a comer sem dentes,
Não reconhecem a boa lavra porque não sabem decifrar os signos
Então que se tenha misericórdia para que não caiam em vala errada
E não sofram na pele o ferro em brasa da injustificada inocência.
Amém para tudo que se rompe desde esse instante
Amém para o futuro que desventuro incerto
Amém para as frestas em cada parede por onde entra o ar fresco
Amém para a rotina contaminada e para a aceitação comodista
Amém para tudo que eu não quero mas que tantos outros querem
Que assim em cada dia o amém possa ser dito também pelos lábios vermelhos.
Amém, amém, amém.