Sociedade cansada
Acho estranho observar o uso indiscriminado que as pessoas fazem da própria ignorância.
Usam e abusam de uma ganância extremada alucinada motivada por nada.
Um nada que não se define por ser nada, mas por se achar tudo.
Um tudo exclusivo de seu próprio mundo, sem alma, sem sentimentos, encrostado pela mentira, alagado de tirania numa perda constante.
Revoltante dizer que se disfarçam de democratas tantos "Fidéis" todos os dias, que nos chamam de infiéis, que nos impõem marcas.
E marcados pelo nada seguimos também nós, sem idéias, sem jeito de dizer o que se quer, sem forças pra lutar com o que vier.
Já cansados, esgotados, pagamos pra ver nascer o dia, mas não vemos a hora de sorrir com o pôr do sol.
Já não importa se a manhã é fria ou quente se o vizinho ficou doente, ou se existe um algo mais.
Mergulhamos também nessa ignorância disfarçada, tapamos os olhos e brincamos de Suiça, quando uma solução nos é solicitada.
E ai o que acontece é a continuidade daquele nada. Que passa a crescer e que cresce dentro de nós, que nos deixa sombrios, que se torna assustador, que nos consome, que nos mata aos poucos, que nos deixa loucos.
E acuados, acabamos conformados, sem ter pra onde ir, sem motivos pra sorrir, sem vontade de partir.