Queria Eu, Ter Nascido Gato
Mais um sábado que, como sempre, é maçante e me impele a ser o ranzinza diletante.
Que fica de canto, na sua, que olha o campo, a lua, que não tem nenhuma certeza e destampa outra garrafa de cerveja.
Sob a luz do luar, fico a observar um gato a me olhar, e com seu leve caminhar, chega em mim e a meus pés se põe a ronronar.
Estrábico e apalermado, oferecido e descarado, roça em mim sem medo do perigo e na madrugada incerta é meu único amigo.
Gente sem espírito fala que os gatos são interesseiros, mas não explicam por que eles nos fazem companhia sem interesse em dinheiro.
Talvez façam analogia à sua vida de bosta, onde empinam o rabo quando recebem dois tapinhas nas costas.
Mas, felizmente, com seu temperamento indiferente, eles não ficam desgostosos, apenas andam com graça, exibindo pêlos vistosos.
Queria eu, ter nascido gato.