Queria Eu, Ter Nascido Gato

Mais um sábado que, como sempre, é maçante e me impele a ser o ranzinza diletante.

Que fica de canto, na sua, que olha o campo, a lua, que não tem nenhuma certeza e destampa outra garrafa de cerveja.

Sob a luz do luar, fico a observar um gato a me olhar, e com seu leve caminhar, chega em mim e a meus pés se põe a ronronar.

Estrábico e apalermado, oferecido e descarado, roça em mim sem medo do perigo e na madrugada incerta é meu único amigo.

Gente sem espírito fala que os gatos são interesseiros, mas não explicam por que eles nos fazem companhia sem interesse em dinheiro.

Talvez façam analogia à sua vida de bosta, onde empinam o rabo quando recebem dois tapinhas nas costas.

Mas, felizmente, com seu temperamento indiferente, eles não ficam desgostosos, apenas andam com graça, exibindo pêlos vistosos.

Queria eu, ter nascido gato.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 24/10/2010
Código do texto: T2575079
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