Suicídio

Como é difícil falar sobre algo lúgubre, insensato, angustiante, desesperador, misterioso, tão distante e tão próximo ao mesmo tempo. Em quais circunstâncias uma alma doente desiste do próprio corpo? Quanto e como ela pode suportar até o momento de entregar o seu vasilhame? E o mais intrigante, o que acontecerá após a consumação do fato?

Em várias oportunidades conversei com muitas pessoas sobre esse assunto e lamentavelmente percebi que suposições e crenças religiosas ainda estão acima da razão, justificativas infundadas são proferidas para motivos desconhecidos ou ignorados, na maioria dos casos o apogeu da questão é mascarado por ameaças terríveis para quem fica e eternidade tenebrosa para quem parte.

Gostaria de formar um conceito sobre o suicídio, mas algumas questões são de difícil análise, por exemplo, um ser que resolve desistir de seu tratamento médico entregando-se à doença, é um suicida? Um fumante inveterado, também é um suicida? Um paciente terminal que opta pela eutanásia (e sabemos que isso acontece), seria um suicida?

Qual é a pena espiritual para os casos em que se utilizam os "meios comuns" para o ato e qual seria a pena para os casos citados acima? Existe realmente alguma conta a ser paga?

Como sempre o enfoque é espiritual, dessa forma, o lado material que está diretamente ligado a razão e o emocional são ignorados, por isso a conta sempre será paga pelos que ficam, os familiares, amigos, enfim, pelas pessoas mais próximas.

Escreveria muitas páginas com o que penso sobre atitudes suicidas ou sobre o suicídio propriamente dito, mas isso não vem ao caso, o ponto em que quero chegar acredito ser o principal motivo para esse desvio, a depressão, que assustadoramente é confundida com atitudes insolentes para muitos, como desapego religioso, preguiça, desinteresse ou mesmo desilusão, desapontamento, sendo assim, não é diagnosticada e tratada corretamente através de acompanhamento médico, medicamentos, terapia, apoio, carinho...

Infelizmente as suposições dão espaço às ações meramente paliativas e o final acaba sendo pior para quem fica, porque a sensação de poderia ter feito algo mais realmente pesa.

Paulo Junior (PJ)
Enviado por Paulo Junior (PJ) em 24/10/2010
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