Vida/Amor perdido
Agora decidido em vão
Na densa noite adormecido
Terno, gasto, contido
Um leve despertar;
Ao seu redor, cristais e luzes
Abrindo caminho por entre as flores
Alcançando meus dedos, tão frios
E esquecidos, a se deixar...
Pois que afirmo, na sua presença
Da pele frágil, do doce toque
Hoje possui-me, mas não me tens
Neste corpo eis um ser estranho
Já inseguro, cansado
Numa luta que não tem sentido
Todas as palavras ditas, escritas
Soltas ao vento, pairam no ar
Vejo-as livre, dançando
Como invejo-te, liberdade
Presa a um coração abatido
No amor sombrio, nas asas oculto
Percorrendo o sangue, indevido
No luto da perda, iludido
Já abandonado, incompreendido
Abre os olhos, pedindo atenção
Sinto-me só, então...
Acredito na chance do novo
Do pulso firme, da força bruta
Gemido, suado, oprimido
Na imagem, um simples sorriso
Tão valioso, e querido, de novo
Seguindo-me, ao pernoitar...