Aborto
Sem glorias ou rumores, sem falsas alegrias ou brilhos sórdidos de uma vida insana... cai um guerreiro.
Vencido pelo desespero de uma vida vazia e sem brilhos, entrego-me à libação de uma existência sem sentido.
Dou-me ao abandono pela falta de um amor absoluto e único. Deixo-me aos pares de alegrias transitórias.
Não abandono a vida por razões obsoletas ou insólitas mas pela falta de uma razão específica. Deixo-me pelo vazio de uma perda irreparável, um adeus que consome-me. Minhas letras agora serão amargas e triste, pois de fel transformou-se minhas entranhas, minha alma acinzenta-se.
Não espero piedades ou lamentações.
Fiz minhas escolhas, ainda que erradas e insanas, lapidei cada lágrima, cada magoa.
Fiz-me triste no silencio de cada alegria, solitário na presença de cada companhia.
Vai-se o poeta, como os ventos uivantes que ecoam por planícies isoladas; isolo-me do mundo racional...
Vivo o espaço absurdo de um amor que, absoluto, não encontrou espaço para viver entre as fases e tempestades.
Reservo-me ao direito de um aborto, um final de uma solitária alma incompreendida..