NOTA SOBRE O NIILISMO CONTEMPORÂNEO E A PÓS MODERNIDADE

A construção de novas multiplicidades, de novas codificações de mundo, que possuem como centro à experiência da individualidade humana, é a premissa do devir que inspira a experiência da contemporaneidade, de nosso niilismo de tempo presente, que não é, cabe esclarecer, propriamente uma frustração da possibilidade de crença ou refutação de qualquer conceituação forte de “verdade”.

Trata-se, de modo mais preciso, de uma reinvenção da própria noção de real, agora concebido como codificação lingüística e arbitrário acontecer de ilegíveis imanências, que substitui a antiga segurança proporcionada por idealizações universais e totalizantes da já carcomida e disfuncional cultura da modernidade.

Seu desdobramento no plano ontológico é o narcisismo, a evasão personificada pela multiplicação ao infinito de combinações de imagens e enunciados que potencializam as possibilidades de subjetivação do indivíduo enquanto esboço estruturalmente inacabado de suas próprias auto representações.

Cada vez mais retraídos em sua vida privada, restritos ao micro universo de codificações de um real opaco, fluido e instável, surpreendemos a experiência do “eu”, enquanto consciência objetiva e projetada em cada individualidade de um peculiar “estar-no-mundo”, torna-se “aberta”, deslocada de suas próprias premissas de sociabilidades e intersubjetividades.