Árvores

Hoje, vou dormir pensando em árvores, por muitos e vários motivos. A começar por produzirem sementes, pois são espermáfitas; conduzirem seiva, pois são vasculares; se edificarem em troncos, pois são traqueófitas; gerarem flores, pois são fanerógamas e, no caso de algumas, até frutos, pois são angiospermas. Nem fungos, musgos ou algas fazem isso. Carecem de muita humildade, perdão, umidade, para sobreviver. São por demais sensíveis, me fazendo lembrar humanos adultos, com seus egos frágeis. Na evolução, estão na base, e pararam lá. Não possuem folhas, caule ou raizes verdadeiras, mas arremedos deles. Também não possuem sementes, são criptógamas e, sendo assim, prefiro as árvores. Tomara sonhe com uma, mas se não sonhar, muito que bem, pois há sempre meus dois oitis, bem aqui, na frente de casa, me lembrando sempre da minha coerência em preferi-las, as árvores. Fungos? Cogumelos, talvez, e no strogonof, pois os demais são traiçoeiros. Musgos? Nas paredes, ou nos vasos das samambaias. Algas? Que fiquem onde estão, ao sabor dos ventos, que os levam do mesmo modo que trazem. Árvores não, têm raízes, dispondo a seiva bruta, ascendente, às folhas lá de cima, que as desdobram em alimento. E quem é que não gosta disso, ascendência e alimento? Por isso prefiro árvores e vou dormir pensando nelas, por muitos e vários motivos.

Dassault Breguet
Enviado por Dassault Breguet em 18/10/2010
Reeditado em 05/11/2010
Código do texto: T2562959