Amor Shakespeariano

Ir adiante é tolice

Quando se sabe que o caminho

Termina em tenebroso despenhadeiro...

Conheço o final dessa peça e suas seqüelas

O modo melancólico com o qual tudo se aniquila

E a doce ilusão que vai deixando de ser afável...

Um mais um é dois

O gelo se rende ao poderio solar

Todo ano tem doze meses

O que é óbvio

Não se transforma em aparente

E não existe salvação

Para nosso amor de Romeu e Julieta...

Não por ser Capuleto sua austera família

A renegar veemente suas escolhas

Mas um lado intransigente e tenaz

Da personalidade de uma Julieta indócil...

E Montecchio é de mim toda a sombra

Cruel e irascível

Que junto com a sua

Trará ruína a nossa paixão...

Por isso, não demora muito,

Morreremos de raiva

Muito mais do que de amor...

Venenos letais serão trocados

Injetados nas veias da nossa ternura

Que sucumbirá intoxicada

Para que se ratifique o final do ato

E nada de bom ressuscitará dentre os mortos...

Se assim é

Não seria sensato um adeus agora

Bem antes do último suspiro?

A resposta é negativa

Pois ainda é cedo

Para se ter e acreditar em tanta lucidez

E foi somente nossa primeira rusga

Com direito a vislumbre do porvir

E porque somos ingênuos

Até o derradeiro dia de nossas vidas

Lutaremos para mudar script e destino

Mesmo que seja em vão

Afinal, é difícil dar as costas e sair vivo

Enquanto os corações se querem tanto...

Zomer
Enviado por Zomer em 17/10/2010
Código do texto: T2561823