Assim eu fiz
Um dia senti uma dor forte no peito, parecia que tinha um nó nas arteiras de meu coração que impedia o sangue de correr livremente, as lágrimas momentaneamente aliviavam a dor, e sem mais ter ouvintes resolvi expor o que eu sentia através da escrita, e deu certo, parecia que a medida em eu as palavras eu ia colocando no papel, puxavam uma ponta daquele embaralhado de linhas e o nó ia se desmanchando, palavra após palavra.
Não sei escrever, usando palavra pouco explorada em nossa riquíssima língua portuguesa, eu até admiro quem tenha tal façanha, mas através da escrita aprendi a expressar sentimentos.
Todas as vezes que sinto um aperto no peito lá vou eu unir letras, formar palavras e quando menos espero coloco no papel a voz de meu coração.
Hoje ele não fala, ele grita, pulsa aceleradamente em meu peito, preciso aquietá-lo, em meio a palavras confusas tento fazer isso, é que eu gostaria de entender porque eu menina crescida descalça, cabelos ao vento, cidade pequena, sem malícias sem argumentos, fazia o que todos a mim diziam que era o certo, minha mãe, sempre protetora e acolhedora, sentava com as filhas e dizia: _ Moça direita só virgem pode casar. Meu pai, homem rural, educava com olhar, criava rapazes e moças, para a sociedade honrar.
Assim eu fiz, com um belo rapaz fui para o altar, de vestido branco a desfilar.
Um dia olhei e vi que fiz tudo certo, para os outros agradarem, mas que meus próprios caminhos eu não desbravei, meu ideal eu não conquistei.
Escolhas erradas, infelicidade certa, mas ainda vejo a frente um horizonte.
Perdida olho para os céus, sem forças para clamar, elevo um pensamento a Deus, pedindo que meus passos ele conduza e que não me deixe só nessa selva de vida.