Não recordei o meio, mas sei do fim.
Não recordo dos sons que não soaram, e estes marcaram ainda que não ditos. Deixaram no ar, pesado como chumbo, o gosto amargo, triste e sentido.
Não olhei as paredes vazias, antes todas encharcadas, repletas de intrigas. Não recordei o que havia visto, no meio do nada, a noite, na calada cinza da memória, eu percebi a partida, hoje, notória, do espaço que ficou em branco, vazio como outrora.
Não avistei, ainda que visível, a falta, materializada num tom de verde em cinza, cristalizada em matéria que não palpava. Não avistei que esta ainda existia. Porém, reconheci em meio a luz, o que saltava dos olhos, assim.. Fazia real o que não se encontrava, parecia perdida, ainda que houvesse o norte. Estava a amar a sorte, quando senti que sentia. E as noites não mais seriam frias, como as antigas, nubladas e frias. Tornava-se audível os sons que conhecia, ainda que não ouvisse os sons que recordava. Seriam para sempre marcas que existiram, e seriam eternas enquanto eu pudesse recordar. O fim em mim.