PEQUENA REFLEXÃO DE UMA ( ex ) CIDADÃ PERPLEXA

PEQUENA REFLEXÃO DE UMA (ex) CIDADÃ PERPLEXA

A cidadã em mim, que também perdeu simbolicamente esta condição ao ver seu título de eleitor devidamente tornado objeto inútil, descartável, coisa para lixo, tal (ex) cidadã, que tem amigos de múltiplas facções, à esquerda, à direita, verdes, azul-tucanos, vermelhos, vermelho-desbotados, cor-de-rosa, de centro (????????????), em cima do muro, cinza-chumbo... enfim representantes das mais diversas espécies, filha de pai comunista que, felizmente, para as suas, dele, convicções, se foi sem ver a queda da União Soviética e outras quedas que tais, não sabe tal (ex) cidadã o que haverá de fazer em 31 de outubro próximo. Ela já nem ousa se olhar no espelho, de vergonha por sua alienação, por seu dilaceramento "cidadanesco" entre o que é e o que parece, entre o verdadeiro real e o que procura se fazer passar como tal, entre os oportunismos de plantão e os oportunismos profissionais, pós-graduados, com PHD.

Se pudesse, tal (ex) cidadã estaria no planeta Plutão, ou em Netuno, ou em Urano, até mesmo em Marte, no dia 31 de outubro. Só para, alienada-mor que é, que se declara, não ter que optar por nada nem por ninguém, no país chamado Brasil porque, em seu entender, abster-se de ir às urnas, por motivo efetivo ou inventado, votar nulo ou em branco, tudo isto configura opções. A única coisa decente seria instituir-se, aqui, o voto optativo, para seres como eu e como muitos outros, que já não sabem o que fazer de sua "cidadania",mas, isto já são "outros quinhentos".

Zuleika dos Reis, na madrugada de 10 de outubro de 2010.