As janelas da alma

Já me edifiquei com olhares companheiros

que me gritavam " estou com você!".

Já me alegrei com olhos que me sorriam e que me cumprimentavam.

Já me fortaleci por enxergar num olhar

um pedido de proteção...

Já pude eternizar em mim,

o encanto de olhinhos orgulhosos por terem acertado.

Já me arrepiei com olhares frios

me irritei com olhares zombadores

e senti a face ruborizar com olhares cruzados,

num harmônico encontro que parecia fazer o mundo parar.

Já me emocionei com olhares que marejavam

que choravam e que brilhavam.

Já me envergonhei com olhares que só no ato de piscar

pareciam conseguir desnudar.

Já me tranquilizei com olhares de aprovação,

que se abriam um pouco mais,

de forma bem sutil, ao encontrar os meus...

mas também já me desconcentrei com olhares de desaprovação.

Já "ouvi" olhares e já me calei

na esperança de que os meus

pudessem se expressar melhor do que em palavras.

Já me despedi dizendo adeus só com os olhos,

sem saber que, depois de eternizado na alma

o adeus era apenas um até breve.

Eternizei em mim

o abrir de olhos frente ao sol

assim como me será eterna,

a lembrança do fechar de olhos frente a morte.

Olhos...olhares

castanhos, negros, verdes e azuis...

Olhos coloridos... grandes, pequenos, abertos e fechados.

Olhares reais e até olhares virtuais...

Olhares que carregam vida

que desvendam almas.

Olhares que se eternizam em mim

E me fazem querer enxergar cada vez mais a vida lá fora.