Acabou e agora?
Acabou e agora? A dor é tão grande, quase física. Dói o coração, dói a alma!
O mundo parece não fazer mais sentido sem aquele ou aquela que nos fazia sonhar.
Difícil ver os planos desmoronando e o caminho se apagando, fazendo com que você não enxergue mais lugar nenhum para ir!
E você se desespera, chora e pede para a pessoa ficar. Toda a dignidade conquistada durante a vida sai correndo nesse momento te deixando nas mãos da humilhação!
Que amor é esse? Que quando vai embora leva consigo nossa verdade, nossa vontade de viver?
Que te faz fechar os olhos para você e enxergar só o outro.
Podemos comparar a dor, o desespero do término de um relacionamento, com a morte. É como se a pessoa amada tivesse morrido. Ela se torna inatingível, inalcançável. E a dor parece que nunca vai passar, que vai te matar também. A pessoa já não responde mais à sua presença como antes. Você já não se encontra mais nos olhos, nos beijos, nos abraços fortes e verdadeiros. E quando aquela pessoa que te amou também, sim, amou, não é possível que nunca tenha sentido o que disse que sentia, te olha com aquela indiferença de partir o coração, como se você fosse apenas mais uma, como se você não significasse nada, como se tivesse perdido a memória, não se lembrando de nada do que já te deu, te fez, te amou, é como se estivéssemos trincando por dentro. Dá para ouvir o som. É o mesmo som de quando você coloca a bandeja de gelo embaixo da torneira, ou um cubo de gelo no copo de Coca-Cola quente. É assim, e diante do olhar indiferente daquele estranho que está à sua frente, daquele corpo vazio, sem alma, depois de trincar todo por dentro, parece que você vai se desintegrar a qualquer momento, com qualquer movimento.
Temos vários tipos de reação depois dessa fase. Têm pessoas que correm atrás e mendigam o mínimo que seja da atenção do ser amado. Já outros que se fecham em copas dentro do quarto, choram por um dia todo e no dia seguinte está ótimo e decidido a seguir em frente. Outros que acreditam no tempo e que o fulano um dia vai voltar. Outros que substituem o amor pelo ódio para poderem seguir....Enfim, cada um reage de um jeito, mas uma coisa é certa, dói igual. Quem já sentiu sabe e pode perfeitamente entender quem quer que seja que esteja nessa situação.
Depois vem a fase do e agora? O que vou fazer no fim de semana? Por mais que você queira sair, as pessoas ainda não parecem interessantes e você vê seus amigos super empolgados por causa da balada, porque vão encontrar fulano, beltrano...E você começa a se sentir meio perdido, não se encaixa mais naquele mundo vazio e, é aí que bate aquela saudade, dá uma dorzinha que mareja os olhos que você tem que disfarçar muito bem, porque as pessoas à sua volta estão em clima de balada e não é você quem vai baixar o astral. Tudo bem, foram eles que insistiram para que você saísse, sabem como você está, mas não é justo!
E você vai para a balada. Aquelas pessoas se pegando, se beijando. Ai, ai...Toma uma cerveja, duas...Já que está lá mesmo! Começa a tentar se divertir, sem olhar para os lados para não se convencer de fato de que você nunca mais vai achar alguém como o seu amor.
A balada acaba, você também está acabada porque fazia tempos que não ia à uma balada por estar sempre em casa, juntinho do Love. E porque isso ainda parece que era muito mais divertido?
Seus dias ainda parecem iguais, você começa a planejar alguma coisa embora esteja meio desiludida com o fato de planejar e começa a levantar!
Será que não sabemos amar? A resposta é não! Mas você fez tudo certinho, respeitou, amou, cuidou, agradou e tantos outros “ou”, porque ficou só? Porque deixou de te amar? E porque não deixaria? Aposto que você também já o fez ou você ama até hoje aquele menino estranho da 1ª série?
Não sabemos amar, não pelo sentir, mas pelo acreditar! Porque acreditamos piamente que o “para sempre” existe? Pode até ser que exista de fato, mas temos que entender que as pessoas mudam, que não temos controle algum sobre o outro. Não temos controle nenhum sobre o nosso coração, porque teríamos sobre o do outro? Promessas são feitas sim, afinal, promessas expressam sua vontade mais profunda de que aquilo aconteça e naquele momento você realmente cumpriria todas elas, sem contar é claro, com o fator surpresa, que te acomete sem que nenhuma das duas pessoas esperem!
Nos entregamos de forma errada! Mergulhamos no outro e passamos a respirá-lo, vivê-lo! Mas como não ser assim? Foi tudo tão mágico, tão recíproco, que se não tivesse essa entrega de ambos, não teria sido nada, perto do que foi. Então como amar sem se entregar? Se não há entrega não há amor, oras!
Assim como não sabemos amar, também não sabemos nos entregar! Podemos nos entregar sim! Mergulhar no outro sim! Mas consciente de que o outro, é uma piscina desconhecida e que você não faz idéia de sua profundidade. Então,o que costumamos fazer? Pular de cabeça e, você vai descendo, sem saber onde está o chão. Mas você acha que nunca vai encontrá-lo mesmo, afinal, o amor de vocês é eterno, não foi isso que se disseram noite passada? E você vai descendo. Quando você menos espera, bate a cabeça no fundo! Fica tão desnorteada que perde os sentidos e quando você os recobra, percebe que ficou paralítica por não ter mais o outro. Não pode mais andar sem o outro! E agora? Sozinha e paralítica! Você fica chocada, nada te faz reagir!
Enquanto não nos entregarmos conscientes de que tudo pode mudar, sofreremos dessa mesma forma que todo mundo conhece. Podemos esperar sim o príncipe ou a princesa encantada, podemos desejar sim, viver um romance que aparentemente só existe em livros, filmes e romances de banca de jornal. Podemos desejar tudo isso sim, desde que não acreditemos que essa pessoa nunca nos deixará. Ou até mesmo você, que desejou tanto um amor de contos de fadas, de repente, depois de finalmente encontrá-lo, se deu conta de que “o príncipe realmente virou um chato” e você deixa de sentir. E agora? Acha mesmo que pode idealizar alguém? Li um texto dias atrás do Dráuzio Varela chamado “O amor da sua vida” que diz: Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.
E é verdade! Ou como diria Cazuza: “ficamos esperando alguém que caiba em nossos sonhos!”
Nos apegamos a tantos fatores fúteis, sociais, materiais, superficiais e tantos outros “ais”, que tiramos os olhos da pessoa que tanto amamos e nos perdemos. Começamos a olhar os que nos rodeiam e acabamos desejando coisas sem saber de fato o que estamos desejando. Quantas pessoas olham o casamento da amiga, morrem de inveja porque ela tem um marido aparentemente perfeito, sem saber de fato o que acontece dentro de casa, do quarto, e desejam aquilo, sem saber o que fato estão desejando!
Mas assim caminhamos, cada relacionamento te ensina alguma coisa, cada pessoa te adiciona ou te tira alguma coisa. Infelizmente ainda sentimos necessidade do outro, mas como não sentir, uma vez que Deus fez Eva especialmente para Adão porque ele se sentia só. Deus já conhece nossa solidão desde o primeiro homem criado, mas será que Ele também criou alguém especialmente para nós? Essa é uma resposta que só teremos quando essa pessoa chegar, se ela chegar! Ou seja, saberemos somente no final dessa história toda chamada vida!