Metáfora do coração perdido

Ontem perdi meu coração e não me dei conta.

Não senti falta, nem mesmo reparei que o tinha perdido.

Hoje quando precisei, fui pegá-lo na bolsa, pois ele sempre está lá.

Nunca tiro. Apenas quando vou usá-lo.

Não o encontrei, fiquei aflita e tive que rememorar quando foi a última vez que o usei, pois com certeza estava lá, no mesmo lugar.

Lembrei onde tinha o usado e dei-me conta que eu estava no mesmo lugar, mas o coração não, alguém pegou meu coração e o guardou.

Perguntei para o responsável e ele me disse: 'levaram seu coração para a prefeitura'.

Meu coração na prefeitura? Tão longe de mim e eu sequer tinha percebido.

É verdade que estava aflita, angustiada, mais jamais iria supor que era porque eu estava sem o meu coração.

Tantas coisas me aconteceram e eu sem meu coração.

Tantas coisas podiam ter me acontecido e eu sem meu coração.

Não poderia mais ficar sem ele. Corri até a prefeitura e disse; 'perdi meu coração'.

O prefeito segurou, olhou bem e perguntou: 'isso aqui é um coração?'

Olhei também, me lembrei de tantas coisas, apenas respondi: 'eu acho que é'.

Não tinha certeza se o meu coração era um coração.

Mas ainda assim queria-o de volta.

Tive que dar todos os meus dados e assinar dizendo que aquele coração era meu.

Eu sou a responsável por esse coração.

Se o perdi e não percebi, nunca é tarde, posso reencontrá-lo e ao invés de deixá-lo na bolsa, posso tê-lo comigo... Sempre!"

Helô Ferreira
Enviado por Helô Ferreira em 06/10/2010
Código do texto: T2541594
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