Aroma

Senti a sua falta hoje de manha, ao acordar não senti como costumava aquele cheiro do café que suave, enchia a casa de aroma doce e fino.

Durante algumas horas, fiquei quieta, pensando, tinha perdido a essência do seu perfume exposto na entrada do me quarto.

O cheiro mais importante daquela casa tinha ido embora e por um momento nada mais fazia sentido, o latido do cachorro ficou mudo, as xícaras que de manhã suavam o TIM, TIM ficaram apenas encostadas no pão velho deixado em cima do balcão a algumas horas de um dia atrás.

O pensamento então não quis se movimentar, pois havia ocorrido um assassinato naquela manhã, um pleno pecado, um caso raro, foi à saída de um corpo, foi à partida de uma alma encarecida de puro prazer, foi o desencontro de um casal de amantes, partido, coração partido.

Nada mais poderia ser feito, o encanto tinha virado sonho e o sonho naquela cama macia virou apenas um lugar vazio, um espaço a mais no canto de uma sala.

A defesa virou do avesso, e fez um estardalhaço na rotina, o bastante para se repensar em um novo programa para sábado à noite, porque naquela manhã tudo o que era bom o bastante se foi e o sorriso ficou preso no copo de água coberto com colgate.

Aquela casa se tornara hoje, apenas mais uma naquela rua, se tornou o número 660 de uma esquina qualquer, apenas para ser descoberta no guia.

Aquilo que era fácil virou farsa.

E aquele dia passou devagar... Lento, mas foi embora.

Vinte e quatro horas depois... Bom dia, já é de manhã!

Gabriela Carvalho
Enviado por Gabriela Carvalho em 05/10/2010
Código do texto: T2539527
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