Tarde de setembro
Eu ainda caminho sobre alguns cacos de vidro deixados pelo sol do verão passado
Na minha cabeça ainda sobram os restos de uma solidão massacrada pelas pisadas da razão, e ainda dizia que era uma boa tarde para começar uma conversa agradável, mas agora é o fim.
Eu ainda achava que era flexível o suficiente para tentar mais uma vez, mas o resultado virou do avesso assim como as aves que atravessam o oceano congelado, pensei que fosse tão fácil voar assim como é um pouso de uma linda borboleta quando chega ao seu leito e fim
Pensava que tudo bem então, afinal nunca é tarde. Os cabelos cresceram novamente e a menina já é quase uma adulta, mas o relógio deu uma pausada em uma estação e por lá fez do seu trilho o ponto final é apenas um caminho esquecido, saudade
Em setembro as coisas costumavam sem mais fáceis, assim como é para o sol ao se acolher sobre a luz da lua
Em setembro, ah! Eu me lembro, costumavam a doer superficialmente, menos lembranças de um passado que não faz parte de uma vida feliz, e então tudo chega ao fim, não há mais jogos limpos, tudo esta completamente distante e sozinho, pelo menos por enquanto.
Por enquanto encontrar algum sobrevivente será impossível, é assim que as noticias correm, mas elas são esquecidas facilmente, mas não seria assim em uma tarde de setembro
Caminhe, respire fundo,não pare, é assim que a estação canta, é assim que a terra não perde o sentido do seu giro é assim que eu grito.
Em uma tarde de setembro então, eu poderia ter dito sim, poderia ter dito não, mas não foi assim, as ondas se despediram e no fundo do mar os cacos de vidro ainda estavam visíveis, areia movediça.
A ponte teve uma quebra, os vidros ainda continuam quebrados e por aqueles pedaços eu não enxergo o caminho, é como a neblina quando quer tomar sua decisão e então cega, fica intacta
É como se o ponto final fosse apenas à vírgula do começo de tudo.
Chame meu nome, chame...
Em uma tarde de setembro... Fim (chegou)