Platonicamente, meu!

Não sei bem o motivo, pela qual, aquele garoto me prendia. Talvez fossem os olhos de um azul infinito, como um imenso oceano. Não! Oceano não! Eram calmos e não tempestuosos e, por tantas vezes fui levada por aquela calmaria azul, eram olhos hipnotizadores. Mas, talvez fosse sua voz, divertida e empolgante. Era sempre sua companhia para aquelas bobas piadas ou até mesmo para conversas de fim de tarde no pátio do colégio. Confesso, adorava conversar com ele, era uma divertida terapia. Mas, pensando bem, talvez, ele não prendia somente a mim.

Ele era o tipo de garoto com que toda menina sonha, o príncipe encantado dos tempos modernos, era sútil em tudo. Nas conversas paralelas, no romantismo comedido, no olhar suave, em tudo. Era perfeito ao ponto de nos fazer suspirar pelos cantos. Porém, ele não sabia o poder de hipnotização que aqueles olhos incríveis tinham, nem o dom romântico que ele herdara, talvez, de shakespeare.

Ele despertava paixões enlouquecedoras, suas amigas queriam ser muito mais. Ele foi meu, platonicamente meu, eu o olhava de longe, tantas vezes. E quando ele vinha conversar, era só sorrisos, e que sorriso! Como alguém poderia ser tão perfeito? Não tinha como resistir á ele, me perdi em um romance platônico e quando você está envolvida em seus próprios pensamentos, tudo á sua volta desaparesse, você fica cega e surda a tudo e não percebe quando um amor real aparece.

Por muito tempo, escrevi versos dedicados a eles, mas tudo terminou sem nem mesmo um toque. Talvez, ele tenha aparecido assim em minha vida, somente para despertar inspiração em mim e agradeço por isso. Ele despejou doçura e leveza em tantas coisas que escrevi, ele me inspirou a escrever e até hoje continuo escrevendo. Ele foi a personificação da poesia, e a poesia vive em mim, por que ele a trouxe tão sutilmente, platônicamente.

Ele se foi, agora o que resta são algumas boas lembranças e diversos versos de amor manuscritos em uma folha de caderno, guardada, versos de um amor que não aconteceu.

Talvez, porque ele nunca tenha realmente existido.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 01/10/2010
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T2532252