Livre pra voar

Uma ave cativa fui eu, meus olhos sempre reluziram ao perceber pelas grades de meu abrigo o verde das colinas ao longe, eu até alçava vôo, mas de um lado para o outro apenas me debatia, até me feria, pois pouco espaço eu encontrava, ai eu parava, respirava e vibrava agradecendo a Deus por ter construído tantas coisas lindas que eu mesmo estando impossibilitada de tocar, eu sabia que existia.

A única água que eu tocava e me deliciava era de uma pequena vasilha ao canto de meu abrigo, contemplava o reflexo de meu olhar, um olhar profundo e perdido, mas eu era feliz ali naquele mundinho só meu...

Alguém me observava... e um dia me mostrou a saída, eu voei e fui alto, não somente vi, mas senti a aroma das frutas maduras nas árvores, senti a poeira da chuva banhando o meu corpo, o calor de uma alta temperatura que me levava à exaustão e procurando onde me banhar me deslumbrei quando vi ,para mim a maior maravilha do Criador, o mundão de águas azuis com ondas de verdade... Quanta beleza tem nessa terra! Mas pobre de mim, descobri que a bela flor tem espinhos também, sem defesa suficiente fui presa fácil, caí em armadilhas, fui vítima das maldades de pessoas desprovidas de sensibilidades que arrancaram de mim o que eu tinha de melhor, a facilidade para amar.

Consegui fugir e percebi que em meu peito ainda pulsa um coração desacreditado das intenções das pessoas, mas ele ainda pulsa forte, estou viva, enquanto respiro há esperança.

Sozinha, faminta, sedenta, voltei para minha gaiola, onde a pequena portinha ainda aberta me esperava.

O olhar agora refletido na água é de medo e desconfiança. Talvez um dia passe e eu aventureira que sou parto em busca de mais um conto, mas enquanto o medo aprisiona minha alma, fico aqui em meu cantinho, louvando ao meu criador daqui mesmo...E que o gozo de viver volte a mim.

Damiana Almeida
Enviado por Damiana Almeida em 30/09/2010
Código do texto: T2528765
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