Doce infância

Que correria!

Crianças por todos os lados, empunhando suas sacolas, mochilas, sua fome, sua miséria.

Te daria um doce se me contasses as mazelas dessas crianças. Se soubesses o que elas comeram ontem ou qual foi a última vez que comeram. Te daria um doce, se me desses em troca o sorriso de apenas uma dessas crianças.

Crianças que hoje não vão usar crack, não vão apanhar, nem sentir fome, não vão chorar. Crianças que hoje talvez descobrirão com a bola ganha que tem dom pro futebol. Com aquela flautinha doce que a música lhes encanta. Com o doce, que não gostam de abóbora. Com a minha gentileza, aprenderão que a lei da selva nem sempre impera. Talvez elas redescubram a infância.

E amanhã, quem sabe elas acordem querendo ir pra escola, nem que seja pra contar pros seus amguinhos quantos doces pegaram. E quem sabe vão dividi-los com aqueles que ganharam ainda menos, ou nada. Aqueles que tiveram que trabalhar, implorar favores no sinal ou vender sua infância a preço de bala.

Cada uma dessas crianças, com no máximo 8 anos, que hoje batem a minha porta com o olhar cheio de esperança, poderia escrever um livro sobre suas experiências de vida. E eu aposto um doce que seria mil vezes mais interessante que esse meu texto.

Texto que pode vos parecer ingênuo, tolo ou coisa que o valha. Eu sou geralmente patética. Mas eu tenho fé que hoje ajudei pelo menos uma criança a se tornar alguem melhor, ou ao menos, fiz-la sonhar nem que só por hoje com uma vida mais doce.

E hoje, minhas orações são todas pra eles. Eu não entendia porque esses médicos eram responsáveis pelo dia da entrega de doces as crianças. Agora eu sei que a doçura tem um poder de cura inestimável. Obrigada São Cosme e Damião!