A felicidade só é possível, do outro lado da desilusão

A felicidade só é possível, do outro lado da desilusão.
 
Já a algum tempo abri mão de qualquer esperança, uma vez que acredito que esta esteja sempre atrelada ao desejo de algo do que não podemos sozinhos agir, pois do contrário não seria esperança e sim vontade. Só esperamos o que não está em nosso poder, ao passo que só podemos querer o que de alguma forma nos é possível agir diretamente. Como os estóicos, só esperamos o que de nós não depende, e só queremos o que de nós depende. Tente esperar andar, isso nunca fez ninguém mexer. Aliás, quem esperaria andar, fora um paralitico? Ninguém espera aquilo de que se sabe capaz, e isto diz muito sobre a esperança. Entretanto, posso desejar andar, e assim andarei.
 
Não há esperança sem temor, só é livre quem não tem nada a esperar nem a temer.
 
Em troca da minha não esperança, concentro-me em trabalhar o real, no presente, pela dignidade, não minha, mas dos outros. Indiretamente estarei trabalhando pela minha dignidade.
 
A minha felicidade nunca foi e nem nunca será mais importante que a dos outros, e a minha felicidade nunca poderá ser real, plena e possível enquanto existir pelo menos uma criança sofrendo ou um ser humano não coberto pela dignidade humana. Qualquer outro tipo de felicidade, eu gentilmente, de bom grado, repudio e abro mão para os mais sábios do que eu.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 27/09/2010
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T2523969
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