NÃO SUPORTO ORALIZAR A LÍNGUA
Não suporto oralizar a língua. Reflexiono apenas, em idioma pátrio.
Uma forma de submissão ideológica de recato ao poder incoercível...
O que poderão dizer-nos os estabanados signos das palavras
Que nos desvendem as motivações de paixões como amor e ódio?
Procuro livrar-me dos sentimentos replicando frases sem nexo
Que encerrem, em si, todo o sentido lógico que falta em mim
Uma bomba-relógio acurada, implorando-me para detonar
Na busca do resgatar-me, o silencioso pré-requisito: mudez exemplar...
Qualquer comunicação oral deprava, subverte, tensiona, adverte
Pois não dá a mínima chance de clareza reflexiva a quem ouve
Uma vez que exige, pelas circunstâncias, o imediato replicar...
Prometo-me que serei um eterno e devotado protetor do não-falar
A verdade é que sou muito lento em compreender a intenção
Por detrás da superfície crua do vocabulário num discurso oral.