Brisinha 12
O errado me atrai de forma estranha. Mais forte que atração magnética. Mesmo nas coisas mais simples. Não sei como explicar, ao certo. Mas o errado, na maioria das vezes, parece mais belo aos meus olhos...
Como este sentimento. É o exemplo mais recente, acho. Sei que o certo seria me desvencilhar dele o mais breve possível. E não seria difícil. Bastaria, apenas, não pensar nele. Não evocá-lo. Mas não. Mesmo sendo ainda pequeno e frágil, tem colorido meus dias. Como aquelas pequenas flores amarelas, que cabem em vasinhos pequenos, no beiral da janela. Não gosto da ideia de deixá-lo despencar e se partir em dezenas de cacos lá embaixo.
Talvez eu esteja vendo as coisas do jeito errado. Pode ser que eu relute em deixar este sentimento evaporar, não porque ele seja errado. Mas porque ele é assim: pequeno, singelo e frágil. Igual a quem o direciono. E eu me apego com facilidade as coisas que são, aparentemente, frágeis e que precisam de carinho e atenção. Algo me diz que não devo me apegar a este sentimento. Estas flores, no geral, têm vida curta. No entanto, não é a longevidade que me preocupa, não. Me preocupo com as raízes. Tão pequenas e frágeis, como a própria flor. Diferente de mim. Fixei-me num ponto. Minhas raízes são profundas, não me permito ser trocado de lugar.
Mas, ainda assim, não poderia eu abrigá-las sob meus galhos (ainda que tão frágeis como os dela)? Não posso, ao menos, tê-la ao meu lado, mesmo que por um breve espaço de tempo? Meu coração diz que seria errado. O mesmo coração que bate forte ao pensar nela (ou vê-la entrando no msn). O mesmo coração; sempre dividido.
Talvez, de fato, não haja certo ou errado. É nisso em que me esforço para crer. E sei que estou errado, querendo pensar nisso. Quem dera eu não pensasse. Apenas sentisse. E fosse esticando meus ramos em direção ao sol, que acerta em cheio as flores amarelas, no beiral de minha janela.
William G. Sampaio [13/09/2010]