## HISTÓRIAS ATRÁS DE GENTE ##
Para onde foram os ouvintes das velhas histórias?
Mal sento-me para contá-las e correm atrás das horas...
Quem quer saber de conversa mole, de miolo de pote?
Coloquei meu banco na calçada, pensando estar de gente rodeado...
Mas cadê? Cadê vocês que já sumiram?
Fui apenas na cozinha aproveitar a deixa, buscar um petisco...
Quando volto, lugares vazios...Um tal de "pra que isso?"
Agora que tenho tempo de ficar à vontade, pois me permite a idade,
com tanto pra contar...
Fazer o que? Andam contando as horas e numa carreira que hoje sei,
não tem pra quê!
Ah! Se soubessem o que sussurram em meus ouvidos esses cabelos brancos...
E eu que já corri tanto!
Aqui estou. Um frango à passarinha, uma caninha...mas nem mesmo uma bela vizinha,
que me ouça uma historinha.
Vão-se os carros apressados pilotados por mal amados...
Sim, porque amar exige tempo e hoje em dia o tempo é de puro lamento.
Vou entrar, guardar os bancos, ouvir o eco dos meus tamancos e o que
me contam meus velhos cabelos brancos....
(Taciana Valença)