REFLEXÕES DE VITÓRIA

Sempre fui uma pessoa de altos e baixo, 8 ou 80... sei que essencialmente isso é ruim, afinal, estou em busca do equilíbrio e da harmonia, mas ser assim, muito feliz ou muito triste, muito alegre ou muito zangada, muito dedicada ou completamente desligada, me faz bem, um modo de sentir-me viva.

Mas de uns tempos para cá, creio que ando sentindo o peso da vida (será a idade ou a energia que vibra no planeta?). Particularmente, nunca amei estar viva embora acorde feliz pela oportunidade de respirar mais uma vez... muitas vezes quis fechar os olhos e escolher outro destino, quase sempre sonhando em compartilhar com desconhecidos o que não vejo os conhecidos valorizar, ficar sozinha porque não me sinto acompanhada, já que sempre, sempre senti que é o que pareço não a alma de Vitória que as pessoas amam.

Achei que o tempo me faria ser mais feliz e não posso dizer que seja infeliz: aos olhos de todos, tenho tudo. No entanto, há uma cigana dentro de minha alma pedindo para ir embora; há uma borboleta pedindo para sair da casca; há uma águia querendo voar para a mais alta montanha; há um poema querendo ser dito; há uma história querendo ser vivida; há um plano querendo ser executado; há um sonho desejando ser realizado; há uma força apaixonada pedindo para acontecer; há uma fuga que não realizarei porque não se foge de si mesmo.

Meu sorriso continua alegre mas a boca já não traduz a alma adolescente que preservei por tanto tempo. Meus olhos procuram um horizonte que não vejo, que se escondeu de mim, quiçá num passado que não pertence a esse presente. Não sou metade mas me sinto incompleta e tudo o que posso supor que me curaria imagino que só tocarei no dia em que puder sair da masmorra da carne que o tempo corrompe. Sinto-me sozinha, porque anda completamente só aquele que ninguém entende, que não se entende.