Fim do dia

Há pouco tempo percebi que em toda a minha vida, o fim de tarde sempre me foi importante. Foi nesse tempo, em que várias tonalidades de cores se misturavam no início de um belo crepúsculo, que eu sempre olhava pro céu e me sentia como se eu estivesse parada no tempo, e via como foi meu dia. Ou como será meu dia no futuro.

Foi quando criança, eu parava pra pensar o como o meu primeiro passeio de escola sem minha mãe ao meu lado foi legal, o quanto eu estava perto de uma menina que na minha mente iria ser minha amiga eternamente, e dez anos depois se tornaria uma estranha pra mim, mesmo a vendo todos os dias no pátio da escola.

Foi quando pré-adolescente, eu estava sentando no banco de trás do carro, cantando músicas bobas e ingênuas enquanto voltava para casa, depois de uma longa tarde em um parque botânico.

Foi quando já na adolescência, na tão esperada liberdade, eu ficava nesse mesmo horário, olhando para o céu, deitada na grama da praça, junto com meus amigos, ouvindo besteiras de um bando de garotos, sem uma alma feminina por perto para dizer o quanto ter amigos só do sexo oposto às vezes é frustrante.

Foi quando eu comecei um romance em que no final, iria formar uma longa estrada escura, mas que quando chegasse ao fim caminho iria ter uma pessoa com uma luz, e que eu torço com todas as minhas forças para que essa luz nunca se apague.

Foi quando eu olhava o relógio e pensava “poxa, já está acabando o dia. Vou ficar mais um pouco” e estava em minha casa cinco horas depois, e ficava de castigo por chegar muito tarde.

Foi quando eu percebi que cada um deve ter seu momento no dia em especial, em que você olha pro céu e tem vontade de dizer ao mundo o que você pensa, o que você sente. E o meu jeito é esse.

E é quando eu percebo que eu poderia ter feito minha última prova de redação nesse mesmo horário sobre crônica. Provavelmente a nota teria saído bem melhor.

Patricia J
Enviado por Patricia J em 15/09/2010
Código do texto: T2499215
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