Conscientemente
Somos todos usados. Em algum momento, até recauchutados,
quando tratados com os devidos carinho e respeito. Ora sendo
felizes, ora em puro mau jeito; protelando razões que a razão
sempre esquece. Enternecidos enquanto a carne apodrece,
vendo passar depressa esse tempo, que escarnece
da pureza. E não devemos jamais, nem por tão menos ou por
mais, querer saber de alguma certeza. Daquela que a tudo
justifica e complica os meios, antecipando os finais.
Em verdade, somos todos usados. Produtos com prazos de
validade determinados. Resistentes aos maus tempos, insistentes
por rebeldia. Exploradores e explorados, cuidadores ou maltratados,
visionários de um futuro incerto que também não oferece nenhuma
garantia. Usados por escolha própria. Cientes da serventia.