Tempos que não voltam
Não me recordo de meus tempos de criança, tão pouco me lembro de que brincava.
A razão chegou rápido demais, as responsabilidades me roubaram a inocência, os momentos mágicos me foram revelados e a vida se mostrou como de fato ela é.
Muito pouco me lembro de minha infância; quem dirá que fora eu um dia muito feliz?
Caminhos longos e perigosos foram minhas vaidades. Hoje vejo que também fui responsável, minha vida não tinha parada, era cheia de sonhos e obstáculos superados.
Caminhava vendo as pessoas velhas e, queria ser igual, pois queria ter responsabilidade. Participar de um mundo que não me pertencia, viver a vida que não me agradaria. O tempo foi passando e mais velho fui ficando, cada passo, cada degrau, cada derrota, cada vitoria, foram palcos onde muitas vezes me apresentei, mesmo com poucos aplausos, saia como vitorioso, pois, acreditava que poderia fazer melhor.
Nunca fui bom em muitas coisas. Mas gostava e me sentia imbatível nas coisas que sabia que era. Minha vida fora cheia de desafios. Algumas batalhas fora eu vitorioso noutras derrotado e sem piedade zombado. Mas continuei lutando e percebi que as derrotas faziam parte de um espetáculo oculto para as pessoas que me conhecia, um espetáculo a qual demorei a entender e compreender e, ainda muitas vezes me pergunto, se é necessário.
Pois é um espetáculo perpetuo e muitas vezes inacabado ou incompleto.
Mas não parei de viver e não fui influenciado a parar, mesmo sabendo que a vida era feita uma caixinha de surpresa, onde se encontra valor, quando se da o devido valor, e onde se percebe a beleza quando se olha com o coração.