Sobre o final feliz e a caminhada
O final feliz. Sim, é o foco de muitas marchas e caminhadas. O primeiro passo se dá devido à expectativa de concretizá-lo. É tão óbvio e natural, que é uma característica do ser humano: buscar o final feliz, não importa qual seja este.
Não é errado nem é pecado, mas traz consigo também expectativas e frustrações. Valorizar aquilo almejado e que não é alcançado – é difícil lidar com desilusões. É difícil ver o silêncio ganhar a face e abaixar a cabeça, consentir e resignar, esperar que seja apenas uma fase.
É difícil viver, tomar as rédeas e não trazê-las a outras pessoas. O final feliz decorre da esperança e fé humana, mesmo que esta não resida na humanidade. O divino, o inexplicável, o mágico, o conto de fadas: finais felizes, norteadores de sensação e razão, de sensibilidade e intransigência.
O final feliz é o foco, é a previsão última daquilo que deve ser feito, traçando-se objetivos para a condução de suas atitudes, comportamentos e posturas frente ao mundo e aos outros. Já não sei desenhá-lo em horizonte ou folha A4, me desculpe, mas cansei desta história de descansar na última página, de almejar o season finale, de ver o último episódio.
Sem saber o rumo, as esquinas e os atalhos, sem saber que sei e sabendo que não sei, sem saber-me ser ou me saber estar, cansei de sonhar o que virá, aprendi a sorrir com o que há de ir, de construir, de valorizar: aprendi que caminhar – para a frente, em diagonal, em círculos ou em cada quadrado – é onde deve residir o acalanto de amar.