Pedras
Tenho acompanhado a história dos 33 mineiros chilenos soterrados a 700 metros de profundidade, na câmara de segurança da mina de San Jose. O desgaste físico e emocional é grande, o clima é tenso, mas, apesar dos longos dias necessários para o resgate, na maioria deles permanece a confiança, o otimismo.
Impossível não me imaginar no lugar deles. Quais seriam minhas reações? O bom humor que insisto em cultivar teria solo fértil ali? A gentileza, a disposição em dividir estariam ameaçadas? Minha fé, provada, seria enfim aprovada?
Confesso tenho dúvidas, pois não raro aparecem pedras no meu caminho (sim, à minha frente, não sobre mim). Às vezes, nem são tão grandes, mas têm o peso suficiente para me desanimar, para me fazer pensar em desistir de seguir no caminho proposto.
Aqueles homens, os mineiros, terão de ajudar no próprio resgate. Eles terão que afastar toneladas de rocha que cairão dentro da mina à medida que a furadeira perfurar o túnel. O trabalho é árduo, mas, mesmo que demore, eles têm certeza de que esses dias horríveis de prisão, de privação ficarão apenas na lembrança, na história de suas vidas. Eles sairão fortalecidos. Prontos para enfrentar quaisquer outros desafios.
Preciso aprender que as pedras não se movem sozinhas. Preciso ter humildade para reconhecer que, se o peso for grande, terei que pedir a ajuda de outros. Preciso aprender a não desistir facilmente.
Preciso de pedras para crescer.