DIALÉTICA: SACRO & PROFANO

O sagrado transporta-me a grandiosidade do divino

E o divino me seduz para tentar imitá-lo em surdina

O profano conduz-me ao meu instinto laico

E essa condução por vezes é meio prosaica

O sagrado me oferece proteção do sagrado

Dá-nos o poder da ousadia pela impetuosidade

O profano me ensina a dele não ser subordinado

Instiga a inteligência pelo caminho da irreverência

O sagrado me guia a códigos e normas de conduta

Passa a régua nas minhas insanidades pela luta

O profano me ensina a regra transgressão

Nele eu descubro os meus impulsos e explosão

O sagrado mostra-me ser racional/mente

Liga minha cadeia neural mais intensamente

O profano manifesta-se em meu corpo/matéria/dúctil

Sua astúcia e volúpia é às vezes sutil e noutras viril

O sagrado me fala do especial ser singular

Pelo simples atinjo o complexo a se declarar

O profano exprime minha frívola pluralidade

Que se traduz depois na sua total diversidade

O sagrado sempre me tenta disciplinar

Induz à usar da virtude e ao apelo de se doar

O profano em rebeldia consegue me flertar

Insufla e infla a vontade de arriscar a ‘pecar’

O sagrado está embutido na moral de minha interpretação

É resultado de juízos que modulam a minha avaliação

O profano se faz amoral enleio de minha legitimidade

Provoca a criação pela força da imaginação e tenacidade

O sagrado está em meu estado consciência do Deus maior

Sempre decodificado pelo cuidado de querer o Bem interior

O profano está em lampejos luminosos de minha própria divindade

É ser/vil disfarçado de senhor prometendo eventual eternidade

O sagrado profana minha autenticidade quando castra minhas possibilidades.

É juiz severo que quer testar a minha lealdade, mas que freia a impulsividade

O profano coexiste o sagrado... De ambos ambíguos afronte de mim...

O enigma da depuração é desvendado lá no começo ou bem lá no fim.

Duo:Lufague e Hilde

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 11/09/2010
Código do texto: T2492466