DIALÉTICA: SACRO & PROFANO
O sagrado transporta-me a grandiosidade do divino
E o divino me seduz para tentar imitá-lo em surdina
O profano conduz-me ao meu instinto laico
E essa condução por vezes é meio prosaica
O sagrado me oferece proteção do sagrado
Dá-nos o poder da ousadia pela impetuosidade
O profano me ensina a dele não ser subordinado
Instiga a inteligência pelo caminho da irreverência
O sagrado me guia a códigos e normas de conduta
Passa a régua nas minhas insanidades pela luta
O profano me ensina a regra transgressão
Nele eu descubro os meus impulsos e explosão
O sagrado mostra-me ser racional/mente
Liga minha cadeia neural mais intensamente
O profano manifesta-se em meu corpo/matéria/dúctil
Sua astúcia e volúpia é às vezes sutil e noutras viril
O sagrado me fala do especial ser singular
Pelo simples atinjo o complexo a se declarar
O profano exprime minha frívola pluralidade
Que se traduz depois na sua total diversidade
O sagrado sempre me tenta disciplinar
Induz à usar da virtude e ao apelo de se doar
O profano em rebeldia consegue me flertar
Insufla e infla a vontade de arriscar a ‘pecar’
O sagrado está embutido na moral de minha interpretação
É resultado de juízos que modulam a minha avaliação
O profano se faz amoral enleio de minha legitimidade
Provoca a criação pela força da imaginação e tenacidade
O sagrado está em meu estado consciência do Deus maior
Sempre decodificado pelo cuidado de querer o Bem interior
O profano está em lampejos luminosos de minha própria divindade
É ser/vil disfarçado de senhor prometendo eventual eternidade
O sagrado profana minha autenticidade quando castra minhas possibilidades.
É juiz severo que quer testar a minha lealdade, mas que freia a impulsividade
O profano coexiste o sagrado... De ambos ambíguos afronte de mim...
O enigma da depuração é desvendado lá no começo ou bem lá no fim.
Duo:Lufague e Hilde