Horários

Seis da manhã

Levanto com a certeza de que nada vai dar certo

Eu sinto que as pessoas pensam no mundo como só um objeto

E do outro lado da rua o deficiente não faz o trajeto ao trabalho

Se perde na esquina com garotos de 14 anos, se acabando no crack

Meio-Dia

Hora de correr e ver mais desgraça acontecendo

Meus olhos se escondem atrás das minhas pupilas dilatadas

Calor, medo, ódio, pena, veneno

Pesadelos ecoam em todos os cantos desse milionário monumento

Seis da Tarde

Mais preparação, mais angústia, mais desilusão

Chove muito lá fora e escuto pedaços de vidro caindo ao chão

É só mais um que se perde no meio da multidão

E quem liga pra ambulância? Quem liga pro bombeiro?

Ninguém se importa, ninguém vê além do dinheiro...

Meia-Noite

Mais uma vez me deito sobre o sangue derramado

Noite fria e chuvosa

Da janela não vejo nada além sonhos sendo sugados

Caiocezark
Enviado por Caiocezark em 11/09/2010
Código do texto: T2491500
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