ENIGMA
O que já morreu ainda vive.
O que está vivo segue morrendo.
Só sente dor quem está vivo,
Quem está morto é imortal.
A morte e a vida são a mesma coisa,
Como o amor e o ódio.
Quem odeia ama,
Um amor violento, agressivo, desmedido.
Quem ama odeia,
Um ódio suave, silencioso, até inconsciente.
O amor e o ódio alimentam o coração,
Transformam a energia.
O amor pode morrer para dar a vida,
O ódio vive para não deixar morrer.
O ódio e o amor brincam,
Brigam,
Sobrevivem,
Se transformam de novo,
Caminhando lado a lado.
O poeta precisa morrer
para falar da vida.
Os poetas vivos
estão mortos.
Vida, morte, amor, ódio.
Os grandes poetas
traduzem um enorme mistério
em um pequeno enigma.