Quem Morrer Verá
Palavras dançam em minha mente...
me incomodam,
querem sair de dentro de mim,
sufocam minha garganta,
me deixam sem fôlego...
Poeta,
Todo poeta é morto.
O poeta precisa morrer,
senão não é poeta,
e nada diz,
será apenas um aprendiz,
apesar de todo poeta ser um ser inacabado,
Se completa com sua fala,
Precisa falar,
é mais que uma necessidade,
é o seu destino.
Mas o poeta precisa morrer
para que o seu verbo germine
à partir de seu corpo inteiro.
O verbo consumirá sua carne,
e trará a superfície o eco de sua voz,
ou a voz abafada de sua mensagem.
É preciso estar atento para ouvi-la.
Escutar um morto é tarefa para poucos,
mas é uma maneira de sentir outra vida,
ou compartilhar a solidão da sua própria...
Viva outra vida!
No seu velório sua alma já ressucita,
e vem assombrar,
espantar,
causar admiração
aos que ainda tem os sentidos vivos
para captar suas mensagens criptografadas,
Quem morrer verá.
A vida emerge de uma morte.