Rimanessencia 2 (Mili)
O grafite vai riscando, desfalecendo e dando vida a cada idéia que vive em mim, meu corpo pulsa a cada reflexão, o lápis capta cada vibração e sobre o papel o resultado que traduz os anseios de cada batida do meu coração. È hora de fantasiar o mundo, fazer do caos poesia, do som das balas melodia e das lagrimas alegria, um conto surreal, apenas visões de um leigo cansado dessa realidade vendida, comprada, extasiada e moldada em meio ao submundo lá fora. Amores oferecidos, esquecidos, plantados, fantasiados e jogados ao vento, o sentimento já não existe, procurado vivo ou morto o amor, perdido em meio ao relento, tornou-se mais um mito, enquanto uns fingem que amam, visto o meu nariz de palhaço e finjo rindo que acredito. O mundo gira em “repeat mode on” e mesmo assim ninguém aprende, tornou-se clichê, onde não é preciso muito para saber qual será o seu fim, a minha forma eu vou desvendando-o, junto a esse mundo que vive dentro de mim. Hoje em dia a verdade tem muitas caras, muitos preços e o meu lápis só vai somando enquanto os egos se inflacionam e a hipocrisia vai reinando. Muitos falam sobre ter fé em Jesus, mas ao atravessar a rua, sempre olham para os dois lados, fazem o sinal da cruz, mas seguem na contramão e vão de encontro ao Pôncio Pilatos. Tento de alguma forma ver sentido nisso tudo, então, faço com que as palavras sigam novos caminhos, que até me confortam, mas a realidade é outra, a borracha faz o seu trabalho e os pensamentos novamente se revoltam. O grafite enfurecido cria relevos sobre o papel, que já saturado se junta a um mar de folhas amassadas e por mais que eu tente fantasiar uma nova realidade, a verdade é uma só, e dessa forma, finalizo mais um capítulo desse conflito entre o mundo lá fora e esse mundo que sou eu.